Um dos motivos que mais desânimo causa nos meus alunos e mentorandos, é a insatisfação pela escolha que fizeram academicamente. Acham que basta tirar um curso e voilá, estão acabados como profissionais. Como os cursos são curtos, acham que são muito insuficientes. Depois, como tiveram algumas experiências menos positivas no mercado de trabalho, acreditam que estão fadados ao insucesso e que nunca vão ser felizes a trabalhar em Turismo.
O que tenho para vos dizer é: menos drama, mais estratégia! E digo isto com todo o carinho. É que, também eu, já fui essa pessoa que achava que estava aqui, no mundo, para pagar dívidas de outras vidas, tal era o sofrimento a que me submetia. Sim, era eu que me submetia, não os outros que me infligiam.
Se também é o seu caso, partilho consigo que as coisas não precisam ser tão complicadas. Primeiro que tudo, se ainda não atingiu o nível que pretende, que merece, ou que sonhou para si, do ponto de vista profissional, então é porque ainda não chegou ao fim. Se ainda não chegou ao fim, só tem uma opção: continuar. Está cansado? Descanse.
A carreira é um projeto de vida e não uma escolha única e independente das outras áreas da sua vida. Se a Maria de há 10 anos escolheu a animação turística como a sua área de eleição e hoje já não se sente realizada com ela, isso não quer dizer que cometeu algum erro e que deve passar a vida a martirizar-se pelas suas escolhas passadas. Quer apenas dizer que a Maria de há 10 anos já não é a mesma de hoje. A atual, é mais experiente, mais madura, tem outros gostos e outras ambições e está tudo bem. Nós mudamos todos os dias, reinventamo-nos, crescemos, aprendemos e expandimos. Então, para quê limitar-se?
Permita-se conhecer-se e aos seus gostos, a cada dia, conforme vai crescendo e amadurecendo. Permita-se experimentar, errar, aprender, mudar. De área, de profissão, de cidade, de país. Regressar, mudar outra vez… enfim, permita-se viver! E, por aí, vá ajustando as agulhas da sua carreira. Os seus objetivos aos 18 anos vão ser bem diferentes de quando tiver 30 e de quando tiver 50, acredite. Então, para quê insistir numa pessoa que já não existe, em objetivos que já não fazem sentido ou em sonhos que já percebeu que afinal não quer assim tanto viver?
A única coisa certa nesta vida é a impermanência. Vá traçando objetivos profissionais e trabalhe para os atingir. Lembre-se que sem investimento não há crescimento. Se não está bem onde está, mude, você não é uma árvore, ora bolas! Se já não se sente realizado, reajuste as velas. Volte a traçar objetivos e trabalhe para os atingir. Está a perceber a lógica?
Se o seu dilema é sobre a estabilidade e segurança, acredite, tudo isso é pura ilusão. Além de que a dinâmica do mercado deixou de ser essa há mais de dois séculos, já que se tem vindo a tornar cada vez mais transitório. Tem mesmo que acordar para a realidade e focar-se no que realmente interessa. Esqueça lá as crises, os contextos, as pessoas e os dramas e foque-se em saber quem é, o que quer para si e o que precisa fazer para o atingir. E deixe lá o delírio de que é só estalar os dedos. Trata-se de um processo, com avanços e recuos, com quedas e conquistas, com dúvidas e dilemas, que se constrói a-o l-o-n-g-o d-a v-i-d-a! E é mesmo assim! O segredo é ir aprendendo com os erros e não voltar a cometê-los. Cometerá outros. Mais aprendizagem. And so on…
Com maior clareza e objetividade, mais cedo ou mais tarde, vai encontrar equilíbrio, coerência e constância. Foque-se no que já tem e não no que lhe falta. E parta desse princípio, para chegar onde sabe que ainda é possível.
Se, em algum momento, se perder pelo caminho, estenda a mão. A minha já lá está, à sua espera, e vamos juntos!