É inegável que vivemos na era da influência. Entre pessoas que fazem disso uma profissão, outras que se usam deste facto para apresentarem uma reclamação e obterem o que querem, ou marcas que se aproveitam disso para trabalhar o seu marketing, a dinâmica de consumo tem vindo a mudar e isso acaba por se expandir a várias áreas da nossa vida.
Apesar de já estar comprovado cientificamente que as redes sociais são a droga do século XXI, e os seus malefícios estarem mais do que estudados, continuamos a passar horas e horas nestas distrações da vida real. São viciantes porque libertam um neurotransmissor relacionado ao bem-estar e à recompensa, a dopamina, a substância do prazer.
Trabalho com adolescentes e jovens adultos há mais de 15 anos e nunca os vi tão ansiosos, tão depressivos, com tanta dificuldade em gerir o seu tempo e as suas frustrações. Fico preocupada. Muito mesmo. Para mim, claramente que as redes sociais são o grande motivo destas dificuldades. Às vezes abordo o tema ao de leve, que sei que é delicado, e não tenho dúvidas de que estão em negação. Já cresceram com este hábito e nem sequer percebem o círculo destrutivo em que se encontram. Vêm-nos como antiquados e aborrecidos quando expomos a questão. Pior: já ouvi mesmo das suas bocas, que isso é a única coisa que os ajuda a distrair dos problemas que têm. Claro que eu não os compreendo, acreditam eles, quando insisto.
Tudo isto é problemático para a sociedade que se (re)constrói a cada geração, mas há um aspeto em particular que, além de tudo o que já referi, me assusta sobremaneira, que é a crença que têm de que tudo o que ali se passa é real. Que só eles têm uma vida miserável. Que todos os outros estão bem, felizes, ricos, poderosos, bem-sucedidos, bonitos. Menos eles. E não é um problema só dos mais jovens. Há adultos, e até bem maduros, que preferem acreditar nesta vida de faz-de-conta, ao invés de arregaçar as mangas e fazer acontecer nas suas vidas. Optam por ver apenas a ponta do iceberg e ignoram todo o trabalho, todo o esforço, todo o tempo, toda a dedicação, todas as cedências que algumas daquelas pessoas empreenderam para poderem fazer aquelas partilhas em verdade. Outras há que mentem redondamente e quem os segue não tem espírito crítico para discernir o que é fake, show-off! Por favor, acorde!
Acredite caro leitor, a comparação é o maior veneno de todos os tempos. Pare com isso agora se quer ser minimamente feliz. Todos nós somos seres absolutamente únicos. Ninguém é igual a ninguém, por isso ninguém é comparável a ninguém. Não há regras ou um livro quando se trata de medir as suas conquistas para as comparar com as dos outros. Cada um tem o seu caminho, o seu percurso, o seu tempo e a sua maneira de fazer as coisas. Nenhuma delas está errada, assim como nenhuma delas é mais correta que outra. Todas estão certas!
A comparação é um comportamento tóxico que tem consigo próprio. É realmente isso que merece de si para si?
Foque-se em si. Na sua melhoria contínua. Na sua vida. Na sua carreira. Na sua família. Nos seus pensamentos. Nas suas conquistas. Nas suas aprendizagens. Nos seus investimentos. Nas suas ações. Foque-se em si!
Se pode olhar para o lado? Sim, para se inspirar e não para se rebaixar. Substitua o “todos conseguem atingir o sucesso menos eu, não passo de um inútil”, pelo “se ele conseguiu, eu também consigo! Vou arregaçar as mangas agora e fazer acontecer!”
Hum? Que lhe parece?